A história da mulher do Elvis Presley acaba de chegar aos cinemas, trazendo um ponto de vista diferente sobre a história do Rei do Rock e também da vida pessoal da Priscilla. O filme de Sofia Coppola explora a ascensão e queda de uma jovem, Priscilla Beaulieu, que conquista o coração de Elvis Presley, mas enfrenta desafios como abusos emocionais, drogas e pressões da fama, resultando em um retrato imperfeito das paixões públicas. Sofia Coppola, conhecida por sua estética refinada, aborda de forma contundente em “Priscilla” a complexidade de se apaixonar por um ídolo, destacando o sistema machista que o permite.
O filme expõe os detalhes problemáticos de uma adolescente tornando-se uma esposa-troféu diante da trupe de Presley, explorando a diferença de idade entre os personagens e sugerindo aspectos de aliciamento. Comparado a “Maria Antonieta”, outro trabalho de Coppola, “Priscilla” apresenta uma visão desprovida de adornos sobre a desesperadora realidade desses casamentos públicos.
Cailee Spaeny interpreta Priscilla de maneira serena, proporcionando uma exposição dolorosa da infantilidade de Elvis. O cantor se transforma gradualmente em um príncipe encantado às avessas, especialmente sob uma lente contemporânea, destacando seu envolvimento com armas, adultérios, drogas e tratamento agressivo às mulheres ao redor. Apesar de tornar esse Elvis difícil de gostar, Jacob Elordi, com sua atuação em “Euphoria”, equilibra o personagem, mostrando um adulto que se recusa a crescer, enquanto Priscilla é forçada a amadurecer devido aos problemas causados por ele. O filme, embora aborde o amadurecimento feminino, parece mais um testemunho consternado do que um debate temático.
Apesar da bela cinematografia, “Priscilla” se destaca como o filme mais desconfortável de Coppola, com cenas chocantes que revelam a manipulação e violência de Elvis. O desenvolvimento lento da trama, ao longo de 113 minutos, torna previsíveis os caminhos dos relacionamentos abusivos, prejudicando a produção.
No entanto, os talentosos Jacob Elordi e Cailee Spaeny mitigam esse efeito, especialmente Spaeny, cuja atuação convincente envelhece a paixão de Priscilla por Elvis, transformando o filme em um conto de fadas sombrio e cético quanto ao “felizes para sempre”.
Crítica elaborada por Sérgio Zansk (@cine.dende)