Crítica | Ervas Secas

O filme se destaca por sua reflexão profunda da natureza desorientada do protagonista

Elaine Lima
Foto: Divulgação
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Crítica | Ervas Secas

Um jovem professor de artes está terminando o serviço obrigatório num vilarejo remoto. Suas esperanças de ser transferido à capital começam a esvair quando ele é acusado por duas alunas de contato inadequado. Em “Ervas Secas”, o inverno severo é o primeiro protagonista, criando uma paisagem branca opressora. O personagem principal, Samet, um professor cumprindo um período obrigatório numa província turca remota, anseia por escapar da rotina enfadonha.

Sua atitude arrogante em relação às pessoas locais, que considera ignorantes, destaca-se. Em um momento tenso, ele desconta sua frustração nos alunos, menosprezando seus sonhos. Samet emerge como um personagem complexo, longe de ser moralmente exemplar, proporcionando ao filme uma rica trama de contradições e tormentas. O retorno do professor Samet ao pequeno vilarejo é recebido com entusiasmo, porém, ao longo da história, sua insatisfação com o local e o desejo de transferência se revelam. Apesar de manter relações superficiais com a maioria dos alunos, surge uma conexão especial com Sevim, indicando uma possível atração entre eles.

O diretor Nuri Bilge Ceylan conduz a narrativa de forma hábil, explorando a complexidade dos relacionamentos e emoções do protagonista. A trama desdobra-se em um dilema moral que ganha destaque, impactando profundamente a vida do educador e revelando nuances mais profundas da história. O filme “Ervas Secas” destaca-se pela habilidade de manter uma trama envolvente sem seguir uma jornada convencional para o protagonista. O elenco, especialmente Celiloglu e Dizdar, contribui para essa proeza, transmitindo emoções intensas, principalmente pela expressividade única de Dizdar, que recebeu o prêmio de melhor interpretação feminina em Cannes.

A trama aborda temas sociais e políticos, evidenciando a dualidade de perspectivas entre personagens como Nuray, defensora de ações benevolentes, e Samet, desencantado com a existência. O filme se destaca por sua reflexão profunda, mantendo e abordagem autêntica, com um breve momento de metalinguagem que reflete a natureza desorientada do protagonista. A fotografia contribui para a atmosfera, especialmente ao retratar a neve que derrete, revelando um solo desolador, simbolizando a falta de substância na jornada do protagonista.

Crítica elaborada por Sérgio Zansk (@cine.dende)

Crítica | Ervas Secas
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Nota 4 out of 5
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Soteropolitana, jornalista e publicitária, tenho 28 anos, sou muito fã da Beyoncé e cinema é o meu hobbie favorito. Amantes dos romances sejam em séries, filmes ou livros.
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