Crítica | Mergulho Noturno

Lançado no mesmo período que "M3GAN", compartilha uma premissa peculiar sobre medos primordiais.

Elaine Lima
Foto: Divulgação
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Crítica | Mergulho Noturno

Há algo sinistro na água. Mais uma aposta da Blumhouse com produção do James Wan. O filme Mergulho Noturno é baseado no curta de Rod Blackhurst e Bryce McGuire que, além de roteirista, estreia como diretor. Aqui Bryce aborda uma piscina assombrada no quintal de uma casa no subúrbio americano, que atrai uma nova família, realizando um desejo secreto por um preço terrível. Inicialmente explorando a aquafobia e a ansiedade, “Night Swim” perde força à medida que revela clichês e reviravoltas extremamente previsíveis.

Ray (Wyatt Russell) e Eve (Kerry Condon) mudam-se com seus filhos Izzy (Amelie Hoeferle) e Elliot (Gavin Warren) para uma nova residência. Ray, enfrentando a realidade de possivelmente nunca mais jogar beisebol profissional devido ao diagnóstico de esclerose múltipla, utiliza a piscina da casa para reabilitação, notando um aumento gradual em sua força diária. No entanto, ao nadarem, Izzy e Elliot deparam-se com paisagens inquietantes, convencendo-se de que algo sinistro reside sob a superfície da água.

A primeira metade de “Mergulho Noturno” até cativa ao explorar a simplicidade primordial do terror associado à água. Contudo, à medida que a trama avança, a narrativa se desvia desse foco essencial, introduzindo elementos excessivos que diluem a força inicial do filme.

A tentativa de incorporar temas complexos, como ambição, sacrifício e doença, resulta em uma sobreposição de ideias, prejudicando a coesão do enredo e afetando a ressonância emocional desejada. Apesar de algumas sequências de susto eficazes no início, o filme perde força à medida que os personagens agem de maneira tola para criar cenários de terror. Russell entrega um desempenho pouco convincente como o homem abalado pela perda de sua identidade atlética. A cada cena que se desenvolve, o espectador vê “Mergulho Noturno” se transformar em uma narrativa sobre um acordo mal feito com a fonte dos desejos, que nitidamente falha ao não ter conexões com os personagens.

Aí vem a questão: esses tipos de filmes de terror geralmente são compostos por “jump scare” e “gore”, mas esse longa não tem nenhum nem outro. O terror em “Mergulho Noturno” se baseia em “jump scares” mal feitos que tentam surpreender o espectador, mas falham em todas as cenas. Já o gore, que deliberadamente se concentra em representações gráficas de sangue e violência, aqui não existe; o único sangue em “Night Swim” está baseado em duas cenas de corte superficial nas mãos.

McGuire tenta despertar um interesse no público, mas o máximo que ele consegue é causar um desconforto durante as cenas de sequências subaquáticas. “Night Swim” utiliza elementos sentimentais, como a relação com o filho caçula, para tentar criar uma narrativa mais complexa e impactante. A trama se esforça em desenvolver essa dinâmica, centrada em algo simbólico, como uma moeda, mas, infelizmente, o resultado fica aquém das expectativas. A tentativa de construir algo mais elaborado se traduz apenas em uma cena visualmente bonita no desfecho do filme, deixando a sensação de que a potencial profundidade emocional não foi plenamente explorada ou realizada ao longo da história.

O roteiro brinca com a origem do terror, explorando as “memórias da piscina” como portais onde criaturas desconhecidas podem estar à espreita. Contudo, ao expandir o curta para um longa, o diretor-roteirista introduz explicações complicadas sobre a origem da ameaça, aprisionando personagens potencialmente intrigantes em cenas de suspense mecânico, perdendo parte do atrativo para os espectadores.

Crítica elaborada por Sérgio Zansk (@cine.dende)

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Nota 1 out of 5
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Soteropolitana, jornalista e publicitária, tenho 28 anos, sou muito fã da Beyoncé e cinema é o meu hobbie favorito. Amantes dos romances sejam em séries, filmes ou livros.
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