Critica | Pobres Criaturas (Poor Things)

Emma Stone brilha ao oferecer uma performance rica, intensa e excepcional.

Elaine Lima
Searchlight Pictures/Reprodução
5
Crítica | Pobres Criaturas

Adaptado do romance de Alasdair Gray (1992), Pobres Criaturas (Poor Things) ultrapassa os limites do convencional como uma obra-prima da mente surreal de Yorgos Lanthimos. É uma jornada que quebra a lógica, onde Lanthimos e o co-roteirista Tony McNamara entrelaçam magistralmente elementos de comédia absurda e profundas reflexões sobre gênero, política e emoções.

O filme se destaca não apenas pela habilidade técnica de Lanthimos em criar um mundo surreal, mas também pela abordagem corajosa de questões sociais e políticas. A dinâmica de gênero é desvendada de maneira provocativa, misturando risos absurdos com uma análise aguçada das relações humanas. Pobres Criaturas emerge como uma entrada marcante no impressionante portfólio de Lanthimos, um testemunho de sua habilidade única em unir o bizarro e o reflexivo, que certamente deixará uma impressão duradoura no espectador.

Searchlight Pictures/Reprodução

Emma Stone, ao interpretar a complexa personagem “Bella”, oferece uma performance cativante que mergulha nas camadas mais profundas da psique humana. Começando como um desafio ao representar literalmente um bebê, Stone transforma gradualmente Bella em uma pessoa versátil em várias áreas, e que explora as palavras sem medo. A sua história, quando observada de perto, deixa o filme mais interessante, tornando a experiência ao mesmo tempo estranha e curiosa.

Searchlight Pictures/Reprodução

Em um papel ousado e explícito, onde a nudez e a maturidade são evidentes, Emma Stone mostra sua habilidade em detalhes sutis e corajosos. Assim como sua personagem, Stone controla seu corpo com precisão cirúrgica, transformando a jornada do personagem em uma busca por entendimento profundo.

O filme mistura surrealismo e estilização intensa, explorando um humor peculiar e misoginia. Stone entrega sua atuação mais arrojada, interpretando Bella, uma personagem inocente que, após ressuscitar, procura aventura e conhecimento. A trama combina elementos de horror clássico e críticas sociais, resultando em um filme perturbador.

A jornada de Bella é influenciada por três homens que representam distintas formas de masculinidade: o imponente “pai” Godwin (Willem Dafoe), seu gentil futuro marido Max (Ramy Youssef), e o engraçado amante Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo). Ruffalo, infinitamente engraçado, proporciona momentos memoráveis. Sua atuação traz um encanto especial à história, enriquecendo cada cena com uma mistura única de sentimentos profundos e dedicação apaixonada.

Enquanto Bella e Duncan viajam por um mundo deslumbrante, as imagens vibrantes e extravagantes ganham vida, revelando a evolução social e cultural de Bella. O cenário passa de um estilo gótico em preto e branco para uma paleta hiper-realista, capturando a riqueza de suas experiências e o crescimento de sua perspectiva. O colorido das imagens acompanha a transformação da protagonista, criando uma jornada visualmente envolvente e reflexiva

A atmosfera de sonho criada no filme, é acentuada pela trilha sonora de Jerskin Fendrix. As notas musicais, como pinceladas de cor em uma tela, intensificam as emoções e a surrealidade da jornada de Bella. Cada acorde é como uma expressão musical que acompanha os momentos intensos e suaves da história, criando uma harmonia com as imagens. Isso eleva a imersão do espectador nesse mundo fascinante e incomum.

TRAILER OFICIAL

Pobres Criaturas destaca-se entre os filmes de Yorgos Lanthimos pela fusão única de surrealismo, estilização extrema e abordagem corajosa de questões sociais e políticas. Enquanto filmes anteriores do diretor, como O Lagosta (2015) e O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017), exploram temas sociais de maneira distinta, Pobres Criaturas adiciona comédia absurda e reflexões sobre gênero.

Resumindo, a colaboração incrível entre a atuação de Emma Stone, as interpretações de Willem Dafoe, Ramy Youssef e Mark Ruffalo, as visões de Yorgos Lanthimos e a trilha sonora de Jerskin Fendrix resulta em uma obra que vai além das expectativas. oferecendo uma experiência rica e impactante. Uma fusão de elementos artísticos que unidos criam uma trama super envolvente, que explora não apenas o enredo, mas também discute a essência humana de maneira única e memorável.

Crítica elaborada por Sérgio Zansk (@cine.dende)

Crítica | Pobres Criaturas
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Nota 5 out of 5
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Soteropolitana, jornalista e publicitária, tenho 28 anos, sou muito fã da Beyoncé e cinema é o meu hobbie favorito. Amantes dos romances sejam em séries, filmes ou livros.
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