Crítica | Gato Galáctico e o Feitiço do Tempo

O filme oferece uma experiência que pode suscitar opiniões diversas, sem se destacar de maneira marcante

Elaine Lima
FOTO: DIVULGAÇÃO
1.5
Crítica | Gato Galáctico e o Feitiço do Tempo

Explorando a fronteira entre o conteúdo digital e a sétima arte, vários youtubers e influenciadores famosos, como Ronaldo Souza, conhecido como Gato Galáctico, têm se aventurado no cinema. Em 2022 ele marcou sua estreia nas telonas lançando o filme Acampamento Intergaláctico. Agora ele retorna aos cinemas com seu novo projeto, Gato Galáctico e o Feitiço do Tempo, o foco está na busca por uma audiência diversificada, particularmente mirando o público infanto-juvenil, em uma tentativa de seguir os passos de Lucas Neto.

Na sua representação como Roni, um jovem insaciável por descobertas, Ronaldo recebe um enigmático relógio de seu pai, Alberto, um objeto que outrora pertenceu ao seu avô, Pedro Pontual, famoso explorador de terras desconhecidas. Convencido de que o artefato possui suas raízes na mítica cidade perdida de Cronópolis, Roni se lança numa jornada repleta de perigos e enigmas, mas a execução revela nuances desfavoráveis.

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A tentativa audaciosa de Ronaldo de adentrar o universo do cinema desencadeia um protagonista inicialmente intranquilo e teimoso, cujas ações muitas vezes desafiam as expectativas, mas nem sempre de maneira positiva. O filme flerta, por vezes excessivamente, com momentos de silêncio que podem beirar a monotonia, e as frases genéricas proferidas pelo protagonista correm o risco de desconectar a audiência jovem, que anseia por narrativas mais envolventes.

Além disso, a transição para o cinema revela certa falta de sutileza na abordagem, com a trama arriscando-se a tornar-se previsível e clichê. A oscilação entre a seriedade do enredo e a ingenuidade cria um desequilíbrio narrativo, impondo os primeiros desafios que podem comprometer a experiência do espectador. Essa desconexão entre as intenções do filme e sua execução prática destaca-se como um ponto negativo significativo.

Saiba mais da trama

O roteiro de Gato Galáctico e o Feitiço do Tempo parece que não chegou a um acordo sólido sobre a temática, trama e desenvolvimento narrativo do filme, resultando em uma amalgama de ideias desconexas. A falta de coesão se manifesta em transições abruptas entre cenas, deixando o espectador às vezes perdido e desconectado da história. As motivações dos personagens, em especial Roni, parecem nebulosas, contribuindo para um desenvolvimento superficial e pouco envolvente.

Essa falta de consenso no roteiro se torna evidente como um obstáculo significativo para o sucesso do filme. Não há desenvolvimento e as atuações estão longe de empolgar. O desenrolar dos fatos pouco ajuda no andamento da trama. O antagonista não diz a que veio, o vilão (Daniel Infantini) é genérico e pouco desenvolvido, dada a exposição do antagonista que o enredo propõe. Sua maldade parece existir pelo simples fato de existir, desprovida de motivos e finalidade, deixando uma lacuna substancial na construção do personagem.

A falta de nuances e profundidade na interpretação do vilão contribui para uma presença vazia e pouco ameaçadora, prejudicando a tensão necessária na narrativa. Essa ausência de substância nos elementos cruciais da trama deixa o público desprovido de conexão emocional e investimento na resolução dos conflitos apresentados.

Em síntese, o longa Gato Galáctico e o Feitiço do Tempo deve se contentar em satisfazer os já familiarizados com a persona digital de Ronaldo, pois a ausência de uma trama robusta, o desenvolvimento superficial dos personagens e a falta de impacto nas atuações limitam a capacidade do filme de conquistar novos espectadores. Pode até agradar a criançada, mas, a inconsistência temática e a superficialidade do antagonista contribuem para uma experiência que, infelizmente, carece do brilho e da profundidade necessários para transcender além do público já cativo do influenciador.

Crítica elaborada por Sérgio Zansk (@cine.dende)

Crítica | Gato Galáctico e o Feitiço do Tempo
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Nota 1.5 out of 5
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Soteropolitana, jornalista e publicitária, tenho 28 anos, sou muito fã da Beyoncé e cinema é o meu hobbie favorito. Amantes dos romances sejam em séries, filmes ou livros.
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