Crítica | Moneyboys

Um retrato comovente da luta pela identidade amor e aceitação em um mundo implacável

Elaine Lima
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Crítica | Moneyboys

O filme “Moneyboys” mergulha nas profundezas da vida de Fei, um jovem chinês cujo destino é tecido em desafios intricados de prostituição e migração. Sua história é um labirinto de lutas, onde as paredes são erguidas pela sociedade implacável e as expectativas familiares opressivas. Porém, mesmo sob a sombra escura da adversidade, há uma luz de auto descoberta e redenção.

Fei é um reflexo de uma geração de jovens chineses arrancados de suas raízes rurais, lançados em um mar turbulento de sonhos urbanos. Sua jornada, marcada pela busca desesperada por sustento e significado, revela as cicatrizes invisíveis deixadas pelas pressões sociais e familiares. Em sua luta para encontrar seu lugar no mundo, ele é confrontado não apenas com a intolerância arraigada da sociedade, mas também com as correntes invisíveis do conformismo tradicional.

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O diretor, em sua sabedoria, opta por capturar a essência claustrofóbica da existência de Fei ao filmar em ambientes confinados. Cada cena se desdobra em um microcosmo de emoções reprimidas, onde as paredes se fecham, sufocando qualquer esperança de fuga. Esses espaços limitados não apenas revelam a solidão e a desolação de Fei, mas também servem como metáfora para as barreiras que ele enfrenta em sua jornada para se entender.

Embora a intenção original fosse gravar na China, o destino dita que “Moneyboys” seja filmado em Taiwan, uma terra estrangeira que ecoa os desafios enfrentados por Fei. Os 39 dias de filmagem são uma jornada tumultuada, espelhando os altos e baixos da vida do protagonista. E assim, o filme se torna o primeiro capítulo de uma trilogia, uma epopeia que transcende fronteiras geográficas para explorar as batalhas universais da alma humana.

A violência que assola Fei não é apenas física, mas também emocional e existencial. Cada golpe, cada insulto, molda sua visão do mundo e de si mesmo. E é na dor dilacerante que ele encontra a força para se erguer, para se reinventar. Sua jornada é um eco dos dilemas universais da humanidade, um testemunho de resiliência e coragem diante das adversidades avassaladoras.

 

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O filme tece habilmente a teia de tensões entre tradição e liberdade, entre o passado e o presente. Ele nos leva a uma jornada pela paisagem urbana da China em rápida transformação, onde as garras do progresso rasgam os laços familiares e dilaceram os corações. E assim, somos confrontados com a realidade dolorosa de uma sociedade em transição, onde as cicatrizes do passado se entrelaçam com os sonhos do futuro.

Apesar de sua beleza visual e sua crítica social afiada, “Moneyboys” não está isento de falhas. Algumas subtramas desnecessárias obscurecem a mensagem central do filme, desviando a atenção do espectador. No entanto, é o uso magistral da cor que verdadeiramente cativa, transformando cada cena em uma paleta de emoções vibrantes e contrastantes. É essa maestria técnica que eleva o filme além das convenções narrativas, criando uma experiência verdadeiramente envolvente e digo até visceral.

Em última análise, o filme “Moneyboys” é mais do que apenas um filme. É um testemunho comovente da resiliência humana, uma ode à luta pela identidade, amor e aceitação em um mundo que muitas vezes parece indiferente e implacável. É uma história de esperança e redenção, que ecoa nos cantos mais escuros da alma e nos lembra da nossa própria capacidade de nos reinventar, de nos elevar acima das adversidades e encontrar a luz mesmo nas mais profundas trevas.

Crítica elaborada por Sérgio Zansk (@cine.dende)

Crítica | Moneyboys
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Nota 4 out of 5
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Soteropolitana, jornalista e publicitária, tenho 28 anos, sou muito fã da Beyoncé e cinema é o meu hobbie favorito. Amantes dos romances sejam em séries, filmes ou livros.
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