Crítica | O Menino e a Garça

Nilton Cavalcanti
O Menino e a Garça: Estúdio Ghibli foto divulgação
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Crítica | O Menino e a Garça

Começando bem a semana com uma estreia muito aguardada, O Menino e a Garça de Hayao Miyazaki chega aos cinemas e com ele viremos conferir mais uma obra prima do diretor, dessa vez, aprofundado em uma reflexão extremamente pessoal, O Menino e a Garça revela-se diário de uma vida inteira. Questionamentos duros e recortes dinâmicos que arrastaram diversos prêmios com ele até aqui. Provando o poder da expressão pela animação tradicional além de um marketing que desafia as leis da auto exposição.

 

O Menino e a Garça: Estúdio Ghibli foto divulgação

 

O Menino e a Garça: História

Muito se fala sobre a aposentadoria do diretor, prometida inúmeras vezes, porém, o tempo sempre presenteia-nos com novas experiências no formato de obras que de alguma forma se encontram nas gavetas do mesmo, e esse é mais um caso de uma história prestes a ser esquecida, mas que acabou resgatada em meio a constante efervescência das mentes que cercam Miyazaki. Sendo assim, conhecemos Maki Mahito, jovem de 12 anos que logo nos primeiros segundos de filme, perde sua querida mãe em um incêndio no hospital em que a mesma trabalhava, os frames aqui dão o tom do longa, que é marcado em mistério e fúria. 

 

 

O Menino e a Garça: Estúdio Ghibli foto divulgação

 

Consequentemente, o pai de Mahito, Maki Shoichi muda-se para o interior, ele pretende casar com a irmã de sua falecida esposa, Kiriko, que está grávida. Mahito agora tem sua vida completamente mudada, sua tia é sua nova mãe, um irmão está para nascer, sua casa agora é uma antiga propriedade de sua família e assim que chega ele é confrontado pelas ações avulsas de uma Garça Real ao ponto dele conseguir escutar sua voz, tomado de seriedade e determinação ele desafia sua sanidade indo de encontro às promessas da Garça de encontrar sua mãe, o que o leva para um mundo fantástico coberto de perigos.

 

À medida que Mahito avança nesse universo de forma frenética, o caráter diferente deste longa se faz notar, em comparação aos seus predecessores, como “A Viagem de Chihiro” “ Meu Vizinho Totoro” e o mais próximo da temática autobiográfica “Vidas Ao Vento”. Ainda assim, todas as alegorias prediletas de Miyazaki se fazem presentes aqui, suas paisagens, suas passagens, seus silêncios e espaços compartilhados. Vemos o protagonista se deparar com figuras que estão sempre mescladas com as referências do mundo real, sua beleza e sua feiura, tudo é cheio de dualidade e neste ponto, podemos ver claramente seus comparativos.

 

 

O Menino e a Garça: Estúdio Ghibli foto divulgação

O Menino e a Garça: Considerações

O longa é fortemente inspirado na obra literária de Genzaburo Yoshino, “Como Vocês Vivem” , que conta a relação de um tio e seu sobrinho na troca de aprendizados ao mesmo tempo em que ambos trocam cartas. O Menino e a Garça, é homenagem ao diretor ao mesmo tempo que coloca em tela a sua representação e a de pessoas que o acompanham de uma forma ou de outra, compreender a finitude da vida assim como das fantasias, Fazer a ponte com a vida cotidiana e manter viva a imaginação quando se cria coisas novas parece ressoar nesse diário de Miyazaki, aqui ele se aproxima ao máximo de uma despedida, porém, uma de tantas que podemos nos dar ao luxo de focar apenas na mensagem através da expressão que o diretor quer passar.

Crítica | O Menino e a Garça
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Nota 5 out of 5
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Nordestino acanhado, ilustrador e amante da cultura asiática de diversas vertentes, entusiasta do São João, apreciador de cuscuz número um, escreve sobre filmes, animes, séries e mangás entre uma garfada e outra. Investigador da cultura pop e suas formas de transmitir mensagens através do tempo.
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