Critica | Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo

Misturando tramas emocionantes, dilemas sobrenaturais e amadurecimento, o filme redefine a Turma da Mônica para uma fase mais complexa e intrigante.

Elaine Lima
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Crítica | Turma da Mônica Jovem

A Turma do Bairro do Limoeiro, conhecida e amada por gerações, retorna às telonas em uma nova e ousada empreitada, intitulada Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo. Criada por Maurício de Sousa, essa adaptação da saga em quadrinhos Super Saga do Fim do Mundo marca um ponto de virada para os icônicos personagens, apresentando um elenco inédito que busca conquistar tanto os fãs de longa data quanto aqueles que foram cativados pelas recentes produções, como “Turma da Mônica: Laços” e “Turma da Mônica: Lições”. Essa iniciativa, aparentemente, aponta para o início de uma possível quadrilogia, ampliando ainda mais o universo desses personagens.

O filme mergulha profundamente nas vidas dos membros da turma, destacando suas jornadas emocionais e psicológicas enquanto enfrentam os desafios do Ensino Médio. Longe das aventuras mais leves e amistosas, agora eles têm que lidar com dilemas complexos, como a leiloação do museu do bairro e intensas disputas pelo controle do grêmio estudantil.

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Maurício Eça, o diretor responsável por essa empreitada, eleva a narrativa a novos patamares, explorando os medos mais profundos dos protagonistas. Ao adotar tons de terror e suspense, ele rompe com a simplicidade do drama adolescente, imergindo os personagens em situações sombrias que desafiam não apenas suas habilidades, mas também suas relações e identidades.

Mônica, interpretada por Sophia Valverde, enfrenta o medo das mudanças ao se afastar dos amigos por dois meses. Essa decisão a leva a fazer um pacto com Cebola (Xande Valois), Cascão (Theo Salomão), Magali (Bianca Paiva) e Do Contra, agora chamado DC (Yuma Ono). No retorno às aulas, uma surpreendente notícia abala a todos: o museu do bairro será leiloado para quitar as dívidas do professor Licurgo (Mateus Solano). A turma se une para tomar medidas, mas acaba enfrentando a oposição de Carmem (Giovanna Chaves), em uma disputa acirrada pela presidência do grêmio com Mônica.

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A leiloação do museu desencadeia uma série de eventos surpreendentes, revelando segredos do passado que assombram os moradores do Limoeiro. Enquanto os amigos enfrentam as ameaças, o filme revela faces mais obscuras de suas personalidades, proporcionando uma visão mais profunda e complexa dos queridos personagens de Mauricio de Sousa.

A disputa pelo grêmio estudantil, por sua vez, se transforma em um campo de batalha não apenas pelo poder, mas também por autoconhecimento e amadurecimento. Os laços de amizade são testados, surgindo rivalidades inesperadas que adicionam uma dimensão emocional rica à trama. Ao escolher esse enfoque, Maurício Eça desafia as expectativas dos fãs, mostrando que a Turma da Mônica Jovem está pronta para encarar não apenas os desafios do Ensino Médio, mas também as complexidades da vida adulta.

Enquanto lidam com as paradas pró-museu e as eleições de sala, o grupo se vê envolvido em uma confusão sobrenatural centrada no misterioso vilão conhecido como Cabeça de Balde, que tem o poder de deixar as pessoas meio paralisadas. A explicação desse mistério se torna um quebra-cabeça fascinante, mas o roteiro, assinado por Sabrina Garcia, Rodrigo Goulart e Regina Negrini, tenta abraçar tantas ideias em apenas 88 minutos que acaba se perdendo em uma confusão narrativa. A profundidade prometida pela trama sobrenatural do Cabeça de Balde e outros elementos se perde na correria, deixando o público com uma sensação de superficialidade e insatisfação.

Com tantos elementos em jogo, desde a complexa relação entre Mônica e Cebola até o perigo do vilão, os poderes de Magali e o leilão do museu, a história por vezes parece desequilibrada, gerando várias perguntas sem resposta para o próximo capítulo.

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Apesar de uma inicial estranheza causada pela troca de elenco, que pode gerar alguma resistência entre os fãs mais tradicionais, conceder uma chance aos novatos que agora habitam esse universo é justo. Assim como na vida real, mudanças acontecem sem percebermos, e a necessidade de seguir em frente, mesmo sem tempo suficiente para se acostumar, é uma realidade inescapável. Dessa forma, ‘Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo’ não apenas atualiza os personagens para uma fase mais madura, mas também oferece uma experiência que transcende as expectativas, explorando temas universais e emocionantes que ressoam com públicos de todas as idades.

Em meio às críticas à abordagem protocolar, é importante notar que as nuances nas relações entre os personagens proporcionam momentos genuínos. O antagonista perigoso adiciona uma dose de suspense, enquanto o leilão do museu acrescenta complexidade à trama. A inclusão dos poderes de Magali, embora possa parecer desconectada para alguns espectadores, amplia o universo da história. Em suma, “Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo” pode não atingir unanimidade, mas oferece uma experiência enriquecedora para aqueles dispostos a explorar suas diversas camadas.

Crítica elaborada por Sérgio Zansk (@cine.dende)

Crítica | Turma da Mônica Jovem
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Nota 2 out of 5
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Soteropolitana, jornalista e publicitária, tenho 28 anos, sou muito fã da Beyoncé e cinema é o meu hobbie favorito. Amantes dos romances sejam em séries, filmes ou livros.
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