Entre uma lista de filmes e séries brasileiros auspiciosos exibidos em Berlim, “Cidade; Campo” – o mais recente da diretora de arte Juliana Rojas – estreou mundialmente na segunda-feira, sendo exibido no âmbito da vertente Encontros que visa “promover trabalhos esteticamente e estruturalmente ousados de cineastas independentes e inovadores”, segundo o festival.
Apoiada pela brasileira Dezenove Som e Imagem e pela Globo Filmes , em conjunto com a francesa Good Fortune Films e a alemã Sutor Kolonko, a narrativa vagamente mística conta duas histórias de realocação díspares, fundidas pela saudade, pela dor e por uma estética estimulante. O The Open Reel da Itália lida com vendas internacionais.
O filme começa quando um ônibus entra no congestionamento da cidade. Casas empilhadas ao longo de uma estrada estreita, os edifícios estendem-se por quilômetros, sem fim para os aglomerados de betão à vista. Desde o primeiro momento, o sufoco aqui é palpável. Entra Joanna (Fernanda Vianna), recentemente desalojada de sua serena propriedade rural após enchentes brutais. Ela busca refúgio com a irmã Tânia (Andrea Marquee) e o neto Jaime (Kalleb Oliveira) até conseguir recuperar sua independência.
No extremo oposto do filme Cidade; Campo, o amoroso casal Flávia (Mirella Façanha) e Mara (Bruna Linzmeyer) rola em uma extensão de terra rural carregada de neblina e assustadoramente vazia para resolver os assuntos do pai recentemente falecido de Flávia, que incluem a herança de uma casa isolada, morada possivelmente encantada.
O conforto é árduo enquanto o protagonista mergulha para dentro para dar sentido aos sentimentos estranhos sentidos ao tentar se ajustar às suas expectativas. O elenco, com diálogos poderosos, também foi encarregado de expressar emoções ferozmente sem palavras, trazendo para a tela cada grama de ansiedade, tristeza, saudade e alegria moderada de seus personagens. Uma vantagem que Rojas atribui a um “processo colaborativo que envolve compartilhar as motivações e referências que me levaram a criar o roteiro, e construir juntos a gênese dos personagens para valorizar as cenas já escritas”.