Crítica | Os Rejeitados

O filme é uma carta de amor à sinceridade e uma aula de como trabalhar a nostalgia.

Elaine Lima
Foto: Divulgação
4.5
Crítica | Os Rejeitados

Nos últimos anos, muitas produções Hollywoodianas têm-se utilizado da nostalgia, como peça fundamental para obter altas bilheterias, mas somente utilizar esse fator emocional sozinho não se mantém. Vários filmes e séries tem se apropriado da estética dos anos 70, 80 e 90 para tentar cativar o público, mas a maioria falha em oferecer algo novo ou relevante, tornando-se muitas vezes uma paródia saudosista. Por sorte, isso não se aplica a ‘Os Rejeitados’, (The Holdovers) no original.

Reprodução/Universal

Com uma estética caprichada, o filme de Alexander Payne retrata um recorte dos anos 70. A história gira em torno da detenção de alguns jovens em especial Angus Tully (Dominic Sessa) em um colégio interno preparatório nas férias de Natal, sob a custódia do professor Paul Hunham (Paul Giamatti) e a governanta Mary Lamb (Da’Vine Joy Randolph). A narrativa evolui para explorar esses três personagens com doses precisas de humor e drama conforme se aproximam e enfrentam conflitos pessoais.

O longa se destaca pela moral sincera e um charme irresistível, conquistando amantes de cinema e de histórias simples porém calorosas. O filme, que leva algum tempo para atingir seu ponto de interesse, cuidadosamente estabelece premissas e apresenta os personagens, quebrando pré-julgamentos.

Enquanto muitos celebram com a família as festividades, esse grupo encontra na solidão, seu ponto de partida. Hunham, professor frustrado e ex-aluno de Harvard, ensina numa escola elitista. A história se destaca pela química entre Giamatti, seu aluno mais rebelde, Dominic Sessa e a governanta Da’Vine Randolph. Enfrentando seus temperamentos conflitantes na busca de equilíbrio para aproveitar o feriado, confrontando fantasmas do passado e do presente, formando uma improvável relação trazendo uma temática familiar.

Embora Os Rejeitados não seja inovador, trabalha com simplicidade e foco nos personagens, grande característica dos filmes de Alexander Payne. A narrativa do roteiro de David Hemingson, enfatiza a importância da transparência e intimidade na construção de relações palpáveis.

reprodução/TMDB

Enquanto Giamatti passa por uma transformação ao se conectar com personalidades tão vibrantes recebe elogios por sua performance que alterna drama e comédia, Randolph destaca-se em seu papel que media entre luto e ternura e o estreante Angus, que desnuda as camadas dos anteriores com sua impetuosidade correlacionável, sendo um rejeitado social e alienado perante sua família. Explorando como os traumas podem influenciar negativamente a formação de indivíduos e a importância de receber orientação emocional para tornar a vida mais possível, mesmo diante de quadros como depressão.

Os Rejeitados oferece uma experiência envolvente com estética e trilha sonora muito gostosa. A obra traz de volta, a humanidade dos céticos, sendo uma carta aberta de amor à sinceridade em tempos pouco reais. O filme apropria-se bem do elenco, utilizando elementos cômicos e dramáticos para mostrar como relações oriundas de traumas podem florescer lindamente.

Crítica elaborada por Sérgio Zansk (@cine.dende)

Crítica | Os Rejeitados
4.5
Nota 4.5 out of 5
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Soteropolitana, jornalista e publicitária, tenho 28 anos, sou muito fã da Beyoncé e cinema é o meu hobbie favorito. Amantes dos romances sejam em séries, filmes ou livros.
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